Tipos de embalagens metálicas

Saiba mais sobre suas características, aplicações e reciclagem

Aço

As embalagens de aço possuem como matéria-prima o óxido de ferro, que quando aquecido dará origem ao aço que é utilizado como embalagem para alimentos, dentre outros tipos de utilidades. Para não oxidar, quando em contato com o ar, as latas de aço são tratadas com revestimentos de cromo ou estanho. As latas são fabricadas a partir de chapas metálicas, conhecidas como folhas de flandres.

 

Esse tipo de embalagem permite a integridade do produto no transporte e comercialização, possui alta resistência mecânica, permite maior segurança aos produtos, pois possibilitam o processo de esterilização. Apesar disso, estão sujeitos ao amassamento durante transporte e comercialização, e por ser um material não inerte, pode sofrer corrosão, além de permanecerem por mais de 100 anos no ambiente quando descartados.

 

O aço pode ser produzido de dois modos: por meio de exploração do mineral ferro ou através de aço proveniente de sucatas. O aço produzido através do mineral ferro é transportado em seu estado natural para as siderúrgicas, onde é introduzido no sistema da aciaria, passando pelo alto-forno, conversor e laminação, resultando o aço pronto para comercialização.

 

Na sucata ou ferro velho, o aço é enviado para o processamento de sucata, onde é feita sua triagem. Por ser 100% reciclável, sua sucata pode ser transformada infinitas vezes em um novo aço sem perda de qualidade. O metal pode ser fabricado a partir da combinação minério de ferro e carvão, aquecidos em alto-forno, ou por meio da reciclagem da sucata de aço, feita em forno elétrico.

 

O uso da sucata na fabricação de aço reduz os impactos ambientais. Na reciclagem, o consumo de energia elétrica chega a ser 80% menor. Além disso, o processo de reciclagem também ajuda na preservação dos recursos naturais, pois evita a extração de matéria-prima, reduzindo as emissões de CO2.

 

O peso das latas de aço reduziu-se em 20% nos últimos 10 anos, chegando a 26 gramas para as latas de 350 ml, com consequentes reduções nos custos diretos e indiretos. Os produtores de latas de aço ganharam a confiança de seus clientes, não apenas devido à sua eficiência técnica, mas também em face da garantia de fornecimento futuro em condições competitivas.

 

Alumínio

 

O alumínio não é encontrado em estado metálico na natureza, mas é o terceiro elemento mais abundante da crosta terrestre, sendo obtido a partir da bauxita submetida às etapas de refino e redução. O Brasil está entre as maiores reservas de bauxitas do mundo, sendo o 6° maior produtor mundial de alumínio e o 9° maior consumidor mundial.

 

É utilizado principalmente para a fabricação de latas, papel alumínio, papel ou plásticos laminados, ou filmes metalizados, de modo a melhorar as propriedades de barreira. O alumínio tem como grandes vantagens ser um material leve, impermeável a luz, umidade e odores, ser maleável, apresentar alta relação resistência/peso e resistência à corrosão.

 

Podem ser utilizados para embalar produtos ácidos, como os refrigerantes, desde que seja utilizado verniz adequado. No entanto, não são utilizadas para embalar alimentos com alto teor salino, não tolera altas pressões nas autoclaves, possui um alto custo na produção em comparação com outros metais, não suportam agrafagem, sendo mais utilizado em recipientes sem costura. Sua degradação na natureza pode demorar de 100 a 500 anos, por isso a importância de ser reciclado.

 

Atualmente o alumínio primário é produzido em escala industrial através do processamento da bauxita, obtendo-se a alumina e depois o alumínio de alta pureza. A bauxita é uma rocha constituída de minerais hidratados de alumínio. Cerca de 95% da produção mundial de bauxita são utilizados na produção de alumina, sendo o restante empregado nas indústrias químicas, de abrasivos e de cimento. 

 

O consumo de energia na cadeia produtiva segundo a ABAL foi de 15,0 MWh/t de alumínio primário. Segundo a ABAL, o índice de emissões  de gases  de efeito estufa (GEE) na indústria brasileira do alumínio foi de 0,47 toneladas de CO² equivalente por tonelada de alumínio produzido. 

 

A reciclabilidade é um dos atributos mais importantes do alumínio. Qualquer produto pode ser reciclado infinitas vezes, sem perder suas qualidades no processo de reaproveitamento, ao contrário de outros materiais. O exemplo mais comum é o da lata de alumínio para bebidas, cuja sucata transforma-se novamente em lata após a coleta e refusão, sem que haja limites para seu retorno ao ciclo de produção. Esta característica possibilita uma combinação única de vantagens para o alumínio, destacando-se, além da proteção ambiental e economia de energia, o papel multiplicador na cadeia econômica.

 

A reciclagem de alumínio é feita tanto a partir de sobras do próprio processo de produção, como de sucata gerada por produtos com vida útil esgotada. Algumas empresas reaproveitam retalhos de chapas, perfis e laminados, de forma a reduzir a sucata industrial gerada na produção, além de economizar energia e matéria prima. A reciclagem da lata de alumínio permite a economia de milhões de toneladas de bauxita e economia anual de energia elétrica equivalente ao abastecimento de uma cidade com mais de um milhão de habitantes 

Folha de flandres

 

Material ferroso mais usado na fabricação de latas de conserva, é constituído de uma chapa de aço com revestimento de estanho em ambas as faces. A superfície estanhada pode ainda receber um tratamento eletroquímico de passivação que consiste na deposição de uma fina camada de cromo metálico e óxido de cromo. A folha também é recoberta por uma fina camada de óleo para facilitar a separação em fardos ou bobinas. É a mais utilizada em embalagens de alimentos.

 

Outras aplicações comuns são em bebidas, óleos, tintas, produtos químicos, latas decorativas, pilhas elétricas e outras. São usadas para a fabricação de latas de três peças, latas retangulares, latas de duas peças, latas compostas, latas trapezoidais, latas para aerossóis e baldes.

 

Folha Cromada

As folhas cromadas diferem das folhas-de-flandres ao receberem o revestimento de cromo (Cr) e seu óxido (CrO) ao invés de estanho, 

Suas principais aplicações são em embalagens estampadas para alimentos (pescado), tampas e fundos de latas sanitárias e latas em geral, embalagens para tintas, rolhas metálicas, formas de assar e outras.

 

Folha de alumínio

O alumínio é um material não ferroso muito leve, fácil de transformar e com boa resistência à oxidação atmosférica. É utilizado nas mais variadas formas, como embalagens rígidas (latas), embalagens semi-rígidas (formas e bandejas), possui custo elevado devido a energia utilizada em sua produção.

O alumínio para contato alimentar não é utilizado na sua forma pura, mas na forma de liga, ou seja, combinado com elementos como Mn, Mg, Si, Cu, Cr, etc. que melhoram suas características mecânicas e de resistência à corrosão.

Para alguns usos específicos são utilizados os tratamentos de passivação do metal, porém, a maior parte das aplicações, os recipientes de alumínio são protegidos através da aplicação de vernizes sanitários ou materiais plásticos. São empregados os mesmos vernizes que para a folha de flandres, com procedimentos similares em sua aplicação.

 

Principais vantagens e desvantagens

 

Metal (base de aço) 

- Interação química com o produto: corrosão, sulfuração

- Resistente à baixas e elevadas temperaturas 

- Boa resistência mecânica 

- Elevada barreira a gases, aromas e odores

-Hermeticidade, boa proteção ao produto

- Não transparente 

- Reciclável e facilidade de separação dos resíduos 

 

Metal (base de alumínio) 

- Leve e resistente 

- Baixa resistência mecânica (não é viável para fabricação de latas de três peças

- Elevada resistência à sulfuração e moderada à corrosão/oxidação atmosférica

- Baixa resistência à corrosão com alimentos ácidos

- Aspecto de nobreza (brilhante)

- Flexível ou rígido (depende da espessura) 

- Possibilidade de combinação com papel ou plástico (laminados) 

- Reciclável 

- Custos elevados de produção

 

Referências

 

CORSO, Marines. EMBALAGENS. 2007. Apostila - Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira.

 

COMPANHIA SIDERÚRGICA NACIONAL. Folhas metálicas. 2019. Disponível em:

<http://www.csn.com.br/conteudo_pti.asp?idioma=0&tipo=61368&conta=45&id=231898> Acesso em: 16 set. 2020.

 

JORGE, Neuza. Embalagens para alimentos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2013. p. 30-42.

 

COSTA, C. D. J. S. D. Análise de ciclo de vida Aço. Escola Superior de Tecnologia, Castelo Branco, p. 2-4.

 

VALT, R. G. Análise do ciclo de vida de embalagens pet, de alumínio e de vidro para refrigerantes no Brasil variando a taxa de reciclagem. Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, p. 25-26, 9 dez. 2004. Disponível em:

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<http://www.mme.gov.br/documents/36108/449811/Relat%C3%B3rio+N%C2%B062_+Perfil+do+Alum%C3%ADnio.doc/66bb4da9-23ad-ba96-8a6c-77cb83788b54>. Acesso em: 15 set.2020

 

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LOGISTICA, A. D. C. D., TECNOLÓGICOS. Análise de mercado entre embalagens de aço versus alumínio. Revista Científica Indexada. São Paulo. n.4 . 2012 p. 4-12.