Embalagens de vidro

Saiba mais sobre suas características, aplicações e reciclagem

Em geral os vidros são fabricados por um processo no qual as matérias primas (areia, barrilha, calcário e cacos de vidro) em proporções variadas são misturadas e fundidas a uma temperatura elevada entre 1350 °C a 1600 °C, possibilitando, se necessário, a moldagem em diferentes formas e tamanhos. A alumina (Al2O3) pode ser incorporada para melhorar a durabilidade química do vidro e agentes refinadores agem reduzindo a temperatura e o tempo que levaria no processo de fusão, auxiliando na remoção de bolhas de ar do vidro e economia de energia durante o processo de produção.

 

É um material inerte, garantindo a segurança do consumidor quanto à possibilidade de contaminação do alimento embalado. Possui características desejáveis como impermeabilidade a gases e vapor, praticidade, versatilidade, transparência, podendo apresentar variações de cor o que possibilita proteção aos produtos sensíveis à luz. No entanto, são pesados e frágeis, acarretando maior custo no transporte e consequentemente maior custo do produto final, além de ser necessária a utilização de outros tipos de materiais para o fechamento hermético das embalagens.

 

Dentre as vantagens do vidro, se destacam:

  • Possibilidade de reutilização: as embalagens de vidro, desde que submetidas a procedimentos adequados de limpeza, podem ser utilizadas diversas vezes; 
  • Transparente com possibilidade de se tornar colorido; 
  • Grande resistência à compressão vertical;
  • Elevada barreira (a medida de permeabilidade a gases e em particular ao oxigênio é relativamente difícil, especialmente para materiais com barreira.);
  • Várias formas e tamanhos; 
  • Possibilidade de fechamento entre utilizações; 
  • Reutilizável e reciclável; 
  • .O vidro sendo um material inorgânico e não combustível, não produz alterações biológicas ou de contaminação da atmosfera quando da sua incineração, mas não contribui para a produção de energia térmica; 
    • O uso do caco de vidro apresenta vantagens tecnológicas, pois melhora sensivelmente o processo de fusão, reduz o gasto com energia e água, sendo que para cada 10% de caco de vidro na mistura economiza-se 4% da energia necessária para a fusão nos fornos industriais e 9,5% no consumo de água, além de poupar matérias-primas naturais, como areia, calcário e outras. Além disso, o vidro é infinitamente reciclável, possuindo as mesmas qualidades de um vidro fabricado apenas com matérias-primas virgens, independente do número de vezes que o material foi utilizado;
  • O vidro é visto pelo consumidor como um material nobre, o que tem assegurado a continuidade de seu uso como material de embalagem de vários produtos, agregando-lhes valor;
  • É um material inerte e, por conta disso, não apresenta problemas associados à migração de compostos.

 

Suas principais desvantagens são:

  • Alimentos comercialmente esterilizados – e acondicionados em embalagens metálicas ou de vidro – podem sofrer deterioração microbiológica, caso o tratamento térmico seja insuficiente ou quando ocorrerem falhas na hermeticidade da embalagem, permitindo a entrada de microrganismos;
  • Pode ser facilmente quebrável caso não seja manuseado delicadamente;
  • Peso elevado;
  • Em termos ambientais, sua degradação química e erosão física é muito lenta e inócua. 

 

Embalagens de vidro disponíveis no mercado

 

As embalagens feitas de vidro disponíveis atualmente no mercado estão distribuídas nos mais diversos segmentos, onde podemos citar como principais produtos os de âmbito alimentício, produção de bebidas, medicamentos e cosméticos. 

 

Os vidros podem conter infinitas formulações de acordo com a sua aplicação, processo de produção e disponibilidade de matérias-primas. Entretanto, podemos dividir os vidros em seis principais famílias, sendo elas de sílica vítrea, silicatos alcalinos, vidros ao chumbo, vidros borossilicatos, vidros alumínio-borosilicato e vidros sodo-cálcicos, sendo este último o mais utilizado para a produção da maior parte das garrafas, frascos, potes, etc.

 

Os vidros sodo-cálcicos são empregados para a maioria das embalagens, vidraças, lâmpadas, artigos domésticos, etc., participando com mais de 90% de todo o vidro produzido no planeta.

 

As garrafas de bebidas com volumes inferiores a 5 litros representam a maior porcentagem de uso no mercado brasileiro. Segundo as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), as garrafas possuem, em geral, formas cilíndricas, chatas e retangulares. São utilizadas principalmente em cervejas, refrigerantes, vinhos, aguardentes, licores, água mineral e azeites.

 

Os potes são recipientes de qualquer formato com uma boca larga, que facilita a retirada do produto em porções, pedaços ou unidades. Devido a essa característica acondicionam produtos como doces de frutas em pedaços, alimentos em conserva; maioneses, café solúvel e alimentos infantis (papinhas).

 

Já os copos são recipientes com menor capacidade de armazenamento que os potes, destinados a acondicionar alimentos como geléias, requeijão e extrato de tomate. Os copos têm a vantagem de serem reutilizados após o consumo do produto, no uso doméstico.

 

O vidro é um produto 100% reciclável. Apesar disso, não é biodegradável e precisa ser descartado corretamente. O processo de reciclagem do vidro garante total aproveitamento do mesmo e, ao mesmo tempo, representa grande economia, tanto de matéria prima e energia, como de espaço nos aterros sanitários e contribui para a redução da emissão de gases.

 

Uma forma de reciclagem é a Closed-looping recycling, quando o reuso ou a reciclagem são ilimitados, desviando para sempre o material da disposição final, como no caso da garrafa de vidro, que pode ser reutilizada diretamente ou pela reciclagem dos cacos, em caso de inutilização da garrafa original, entrando como matéria-prima de uma nova garrafa.

 

Na reciclagem closed looping o produto pode ser reutilizado infinitamente e o impacto inicial da extração da matéria virgem acaba se tornando reduzido ao longo do ciclo de vida do produto.

 

Cerca de 47% das embalagens de vidro foram recicladas em 2011 no Brasil, somando 470 mil ton/ano. Desse total, 40% é oriundo da indústria de envaze, 40% do mercado difuso, 10% do "canal frio" (bares, restaurantes, hotéis etc) e 10 % do refugo da indústria. 

 

Nos sistemas de reciclagem mais completos, o vidro bruto estocado em tambores é submetido a um eletroímã para separação dos metais contaminantes. O material é lavado em tanque com água, que após o processo precisa ser tratada e recuperada para evitar desperdício e contaminação de cursos d'água. Depois, o material passa por uma esteira ou mesa destinada à catação de impurezas, como restos de metais, pedras, plásticos e vidros indesejáveis que não tenham sido retidos. Um triturador com motor de 2 HP transforma as embalagens em cacos de tamanho homogêneo que são encaminhados para uma peneira vibratória. Outra esteira leva o material para um segundo eletroímã, que separa metais ainda existentes nos cacos. O vidro é armazenado em silo ou tambores para abastecimento da vidraria, que usa o material na composição de novas embalagens.

 

A reutilização do vidro para a produção de novas embalagens consome menor quantidade de energia e emite resíduos menos particulados de CO2, contribuindo para a preservação do meio ambiente.

 

Outro aspecto é o menor descarte de lixo, reduzindo os custos de coleta urbana, e aumentando a vida útil dos aterros sanitários.

 

No caso das embalagens de vidro retornáveis, sabe-se que estas podem ser submetidas  a inúmeros ciclos de enchimento, sem que haja um comprometimento do nível de  segurança necessário para o tipo de produto nela acondicionado. Esta condição somente  pode ser assegurada se a embalagem for estocada, transportada e manuseada de forma  adequada. 

 

A limitação no número de ciclos de uso para as garrafas retornáveis é, portanto,  determinada pela aparência da embalagem, em função de restrições de natureza  mercadológica. 

 

Referências: 

 

FABI, Andréa, et al. Uso da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) em Embalagens de Plástico e de Vidro na Indústria de Bebidas no Brasil.  Revista Brasileira de Ciências Ambientais, n. 1, p. 51-52, agosto 2005. Disponível em: <http://rbciamb.com.br/index.php/Publicacoes_RBCIAMB/article/view/496/422 >. Acesso em: 18 de setembro de 2020.

 

JAIME, Sandra; ORTIZ, Sylvio. Embalagens de Vidro: Inovações X Competitividade. Boletim de Tecnologia e Desenvolvimento de Embalagens. v. 13, n. 1, jan./fev./mar. 2001. Disponível em: <https://ital.agricultura.sp.gov.br/arquivos/cetea/informativo/v13n1/v13n1_artigo4.pdf>. Acesso em: 18 de setembro de 2020.

 

CEMPRE. Vidro. Cempre Compromisso Empresarial para Reciclagem, [201-?]. <http://cempre.org.br/artigo-publicacao/ficha-tecnica/id/6/vidro>. Acesso em: 18 de setembro de 2020

 

AKERMAN, Mauro. Introdução ao vidro e sua produção. São Paulo (SP): ABIVIDRO-Escola do Vidro, p. 53, 2013.

 

MARIOTECA SUSTENTAVEL.  Avaliação do Ciclo de Vida: Vidro. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Governo Federal, 2016. Disponível em: <https://materioteca.paginas.ufsc.br/files/2016/09/ACV-Vidro.pdf>. Acesso em: 18 de setembro de 2020.

 

MARIOTECA SUSTENTAVEL. Vidros. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Governo Federal, 2016. Disponível em: <https://materioteca.paginas.ufsc.br/vidros/>. Acesso em: 19 de setembro de 2020.

 

ABIVIDRO. Benefícios da reciclagem do vidro. Associação Brasileira das Indústrias de Vidro, 2012. Disponível em: <https://abividro.org.br/beneficios-da-reciclagem-do-vidro/>. Acesso em: 25 de setembro de 2020.

 

ABIVIDRO. O ciclo do vidro. Associação Brasileira das Indústrias de Vidro, 2019. Disponível em: <https://abividro.org.br/o-ciclo-do-vidro/>. Acesso em: 25 de setembro de 2020.

 

FABRI, Andrea Rodrigues et al. Uso da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) em Embalagens de Plástico e de Vidro na Indústria de Bebidas no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Ambientais (Online), n. 01, p. 47-54, 2005.

 

TORRES, A.;  GONÇALVES-DIAS, S. Entendendo a Estrutura da Cadeia Reversa das Garrafas de Vidro em São Paulo. International Workshop Advances In Clear Production, Colombia, junho 2018. Disponível em: <http://www.advancesincleanerproduction.net/7th/files/sessoes/6A/6/torres_and_goncalves-dias_academic.pdf> . Acesso em: 25 setembro 2020.


JESUS, Fernanda; BARBIERI, José. Atuação de cooperativas de catadores de materiais recicláveis na logística reversa empresarial por meio de comercialização direta. Revista de Gestão Social e Ambiental, São Paulo, v. 7, n. 3, p. 20-36, out./dez., 2013.