Saiba mais sobre suas características, aplicações e reciclagem
Durante algum tempo, a madeira foi provavelmente o material mais usado para embalagem.
As embalagens de madeira tem como função armazenar, proteger e transportar diversos produtos, como frutas, verduras, legumes, flores e garrafas de vidro. É um material muito utilizado por suas propriedades mecânicas e físicas, conhecido por sua alta resistência, protegendo o conteúdo de impactos sofridos durante o transporte. Além disso, pode ser facilmente empilhada e possui baixo custo de produção, podendo ser facilmente manuseada e trabalhada, e gerar outros produtos como painéis de madeira compensado e reconstituídos de madeira, como OSB, MDF e MDP. Os gêneros de árvores mais utilizados para a produção de embalagens são Pinus e Eucalyptus, porém pode ser encontrado no mercado embalagens de Carvalho, usualmente utilizadas para a fabricação e armazenagem de bebidas.
Os principais tipos de embalagens de madeira encontrados atualmente são caixa de madeira serrada fechada, engradados, caixa ‘M’ e ‘K’, caixa de painéis de madeira (compensado, OSB e MDF), paletes e barril. Das várias aplicações da madeira destacam-se as pequenas caixas adornadas e outras embalagens, como cascos para o transporte de líquidos. Os barris de madeira são embalagens excelentes para o acondicionamento e envelhecimento de bebidas.
A caixa de madeira serrada é utilizada para transporte de produtos pesados e em maior quantidade, que não podem ter contato com o ambiente externo, por isso é considerada uma embalagem terciária. Sua base deve apresentar estrutura semelhante ao de um palete para ser transportada e empilhada facilmente, além de apresentar uma alta resistência à compressão. Para produtos que necessitem de ventilação as tábuas podem ser mais espaçadas. A estrutura da mesma possibilita o uso de peças mais estreitas e provenientes de madeira de reflorestamento de crescimento rápido.
O engradado é considerado embalagem primária por estar em contato direto com os alimentos, pode ser fechado ou aberto, sendo apropriada para carregar produtos frágeis. É muito utilizado em feiras para transportar frutas, hortaliças e plantas com facilidade mas, também é utilizada para transportar garrafas de vidro. É mais barato do que a caixa de madeira serrada por utilizar menos peças, entretanto, por esse motivo, além de causar ferimentos ao produto não o protege de insolação, facilitando a desidratação do mesmo.
A caixa do tipo ‘M’ é muito utilizada no segmento citrícola brasileiro, pois possui capacidade para carregar grandes volumes, como 27 kg de laranjas, por exemplo. Suas dimensões não paletizáveis são de 54 x 29 x 29 cm, tem durabilidade de 1 ano aproximadamente, mas exigem reparos constantes. Apresentam uma boa resistência, facilidade de manuseio, proteção relativa ao produto, ventilação adequada e baixo custo.
Já as caixas do tipo ‘K’ são utilizadas em sua maioria para legumes, sua duração varia de 5 à 10 usos e é a embalagem mais comum encontrada nos mercados. Porém ambas possuem uma superfície muito áspera que dificulta a higienização e causa danos, como corte e abrasão aos produtos. Além disso, por esses tipos de caixas manterem a umidade na madeira e serem usadas continuamente, favorecem o desenvolvimento e a proliferação de fungos causadores de doenças e perdas pós-colheita (o que pode ser resolvido com um processo de impermeabilização e beneficiamento da madeira e, também, lavagem e secagem das hortaliças). Outro problema é o dimensionamento inadequado, já que as medidas não são paletizáveis, aumentando em 650% o tempo de carga e descarga e encarecendo o custo de transporte por não ser mecanizado.
A caixa de painéis de madeira, também considerada uma embalagem terciária, é feita de painéis de compensado, OSB ou MDF reforçados com madeira serrada. São estruturas fortes com fixação entre os painéis que garantem proteção ao produto. No processo de produção, a fabricação do OSB aproveita melhor as toras de madeira quando comparado ao compensado, obtendo um custo 40% menor.
O palete ou base de madeira não possui paredes e tampa, sendo utilizado para apoiar embalagens grandes, pois é uma embalagem quaternária. Possui uma base resistente, permitindo o empilhamento, proporcionando agilidade no transporte e otimizando o armazenamento do estoque. São comumente construídos com madeira serrada, mas se a carga tiver peso elevado são utilizados painéis de fibras de madeira ou compensado. Existem 4 tipos de medidas para paletes: 1.200 x 800 mm (palete europeu), 1.200 x 1.000 mm (palete brasileiro, conhecido como PBR), 1.200 x 1.200 mm e 800 x 600 mm, chamado de meio palete, ideais para uso em mercados. Mais da metade dos paletes são feitos para serem utilizados apenas uma vez (tipo one way), principalmente no mercado da exportação, já que o retorno do mesmo para a origem se torna inviável. Contudo, os paletes PBR tem sua estrutura reforçada, sendo resistentes para transporte e estocagem de uso interno das empresas e podendo durar mais de 5 anos.
O barril de madeira difere dos demais por ser produzido de carvalho, árvore de crescimento lento. São caros e fabricados de forma artesanal. Podem ser utilizados para armazenar bebidas alcoólicas, conservas e condimentos, e por isso é uma embalagem primária. O carvalho é usado por suas propriedades específicas como permeabilidade a fluidos, porosidade a gases, isolamento térmico, flexibilidade e resistência. Essas características contribuem para que a bebida adquira propriedades especiais como aroma e sabor. Seu tempo de uso é de aproximadamente 3 anos, visto que após um determinado tempo, o barril acaba perdendo a porosidade, podendo contaminar os produtos armazenados com fungos e bactérias. O processo de produção do barril de carvalho começa com a seleção e corte do carvalho nas chamadas aduelas, elas são levadas para o processo de secagem ao ar livre, que pode durar 24 meses. Depois, a madeira é encaminhada para a tanoaria, onde ela será cortada e colocada em aros de metal para formar o barril. Essa estrutura passa pela tosta, na qual o barril ficará em contato indireto com o fogo, sendo que o tempo que o barril fica exposto ao calor define o tipo da tosta. Para finalizar o barril passa por testes de estanquicidade, onde são preenchidos com água quente, e se aprovados seguem para o acabamento, composto de polimento e identificação.
No Brasil, a madeira usada para fins industriais vem de florestas plantadas, e correspondem a 7,74 milhões de hectares (dados de 2014). Do total, 71% correspondem aos Eucaliptos e 21% de Pinus. A maior parte das embalagens são feitas dessas espécies de madeira, já que ambas crescem rápido, possuem alta produtividade, preços acessíveis e também apresentam características adequadas para resistir a impactos e empilhamentos, enquanto protegem o conteúdo.
O ciclo de vida das embalagens de madeira passa pelas etapas de produção da embalagem (que inclui preparo do solo, produção e plantio de mudas); a manutenção da floresta; colheita e transporte; produção industrial; descarte e reciclagem. O corte e extração são responsáveis pela maior parte do impacto ambiental do processo, além de demandar o emprego de maquinários que consomem combustíveis fósseis.
A produção da madeira, tanto de Eucalipto e Pinus, é igual para todos os diferentes tipos. As árvores adultas são colhidas entre 17-20 anos e o processo de colheita é mecanizada, de forma que os troncos são colocados nos caminhões já sem galhos e cortados em tamanho padrão. A partir dessa etapa os processos começam a se diferenciar para dar origem aos mais variados produtos. A etapa de processamento industrial não requer transformações químicas e, portanto, é relativamente simples e bem parecida para a maioria dos tipos de madeira.
Alguns tratamentos podem ser aplicados na madeira. Para evitar a produção de fungos a madeira serrada, usada na construção de embalagens para exportação, são realizados outros processos em sua produção, onde a madeira é submetida a tratamentos como a fumigação, que utiliza brometo de metila para exterminar agentes xilófagos já presentes na madeira. Outro tratamento utilizado, é o Heat Tratment (HT) que expõe a madeira ao ar quente de 56°C durante 30 minutos a fim de eliminar pragas e que, por ser atóxico e natural, não agride o meio ambiente e nem a saúde.
Existem diferentes tipos de compostos de madeira no mercado, são eles: MDF, OSB, compensado e madeira serrada. As embalagens podem ser feitas de um tipo ou de outro, e às vezes com mais de um composto diferente.